Os saltadores com vara João Gabriel Sousa e Jeff Olivério competem pela mesma equipe, o Clube Pinheiros. Porém, quem vê de fora nem acredita.
Velhos conhecidos do NAR, não há um teste que os dois não competem para ver quem rende mais. Nesta segunda-feira, os dois participaram apenas dos testes de potência dos membros superiores, em razão de lesões nas pernas.
"A gente compete em tudo mesmo," diz Jeff, de 21 anos. "De quem come mais pra quem levanta mais peso."
"Sempre foi assim," conta João Gabriel, o mais experiente, com 30 anos. "Quando eu era jovem também era assim. E isso eleva nosso rendimento. Ajuda, com certeza".
Os dois concordam que eles tendem a se sair melhores em testes, treinamentos e competições oficiais quando estão competindo um com o outro. João Gabriel chega até a atribuir alguns de seus melhores resultados a essa rivalidade constante.
"Quando eu era mais novo, tinha um outro cara no time que sempre saltava 6,50m. Eu nunca chegava, sempre parava lá nos 6,30m, 6,35m. Até um dia que nosso técnico pediu pra eu mudar a mecânica do meu salto e eu passei dos 6,50m, alcancei uns 6,51m. E não é que o cara foi lá, se concentrou, falou que ia me vencer e pulou 6,65m? Tudo isso pra não perder cara, absurdo."
Na competição entre João e Jeff, o que mais vale é a imparcialidade. Jeff admite que seu companheiro é mais potente nos testes de supino, mas ele compensa com os testes de remada. Os dois também dividem os resultados pelos seus respectivos pesos, para encontrar "a potência mais justa".
Enquanto isso, as mulheres da equipe (que participaram de todos os testes, já que estão sem lesões), não se importam tanto em competir. A não ser na hora de ganhar dos homens: quem perde pra uma das mulheres é motivo de chacota por semanas.
No final, essa competição saudável eleva tanto a performance deles quanto o esporte brasileiro como um todo. O NAR só espera que essa rivalidade entre membros de equipe se traduza em medalhas nos próximos anos.